Em 2008, a DreamWorks trouxe um simpático personagem para os cinemas.
Po, um urso panda "filho" de pato e dono de um restaurante de macarrão,
além de fã de Kung Fu. Com todas as estranhezas e referências
orientais, no entanto, nada mais era do que uma nova aventura em torno
do predestinado. Po era o guerreiro dragão prometido na profecia e cabia
ele o equilíbrio da paz. Mas, se naprimeira aventura ele precisava provar que era capaz para aquela simpática vila, agora ele tem que fazer isso em toda a China.
O filme traz Po já estabelecido, vivendo tranquilamente com seus amigos
mestres Shifu, Tigresa, Macaco, Víbora, Louva-deus e Garça. Porém, surge
um novo inimigo com uma arma aparentemente invencível que planeja
acabar com o Kung Fu e conquistar a China. É claro que Po e seus
cinco amigos precisam ir até ele para salvar o país e a filosofia da
arte marcial que praticam. Mas, ele não sabe que este inimigo representa
muito mais. Há uma saga épica que inclui profecias, vinganças e mágoas
familiares. E isso tudo é bem construído no roteiro de Jonathan Aibel e
Glenn Berger. Maduro e divertido, essa nova aventura do panda mais
inusitado do cinema pode conquistar a todos.
O
prefácio já empolga mostrando a história de Lorde Shen, um pavão filho
da família real que não se contentou com o trono do pai. A vidente do
reino alertou para o problema e que ele seria derrotado por um guerreiro
preto e branco. Lorde Shen resolveu então eliminar esse provável
inimigo e horrorizou seus pais que o expulsaram. Agora ele quer vingança
e o domínio da China. O mais interessante nesse início é a forma como é
contada, com uma animação 2D que dá a sensação de uma maquete de papel,
envolvendo de forma criativa o espectator. Esse recurso é utilizado
também para as lembranças de Po mais a frente.
A animação é muito bem feita, desenhando de forma empolgante os
cenários, a composição dos personagens e a trilha sonora. Na primeira
luta dos seis com os lobos, a trilha casa perfeitamente com os golpes
construindo uma sinfonia próxima ao grupo Stomp. É interessante
ver os golpes nos telhados, nos metais e nas madeiras soarem no tom
perfeito. As demais cenas de luta não utilizam o mesmo efeito, que
ficaria cansativo, mas também são bem orquestradas.
Outra coisa que chama a atenção no filme são as referências a cenas de filme. Vemos Coração Valente
quando Po e os cinco entram na cidade e vêem o martelo do Mestre
Thundering Rhino no chão com um laço vermelho. Não tem também como não
associar a construção das máquinas de Lorde Shan com o exército de
Saruman em O Senhor dos Anéis,
desde as vestimentas brancas do mau, à toda a composição do cenário.
Ainda mais que em paralelo vemos a jornada de Po e os furiosos como se
fossem a sociedade do anel passando por montanhas, neves e estradas.
Temos ainda uma cena rápida de Po que lembra muito O Exterminador do Futuro e uma cena que a resolução muito se assemelha a Hook, a volta do Capitão Gancho. Isso sem falar de algumas semelhanças com Wolverine, já que Po está lutando contra o inimigo e tem flashs do passado que o paralizam.
O clima de Kung Fu Panda 2
segue o primeiro filme, misturando ação com muito humor. Toda cena de
Po tem que trazer uma piada junto, por mais que ele aprenda a arte
marcial e busque a paz interior. Quanto o mestre Shifu diz que só
encontrou o equilíbrio através do sofrimento de ver Po sendo revelado o
Mestre Dragão temos a noção exata da idéia de construção do filme. Mas,
isso não impede sequências emocionantes como a de Tigresa e Po subindo a
Torre em chamas, ou a mensagem repetida pelo pai postiço do panda e
pela vidente: Não é o passado, mas o que você decide no presente que lhe
define.
Kung Fu Panda 2 É uma boa opção familiar, que não precisa ser em
projeção 3D, que acrescenta na profundidade, mas não traz novidades. Na
verdade o enquadramento é até errôneo em alguns momentos, como na cena
da espada que fica cortada na tela em vez de manter sua ponta em nossa
frente que seria mais ameaçador. Ainda assim é essa mistura inteligente
de filme infantil com referências adultas que tanto nos agradam. Uma
obra madura que acrescenta ao primeiro filme, além de divertir e
encantar visualmente. Mas, não consegue ultrapassar o limite do
esperado, como fez por exemplo Toy Story 3.
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